Como se estivesse escalando uma montanha de areia que despenca na mesma medida em que você faz força para sair. Nas culturas orientais este estado é conhecido como samsara.
No hinduísmo e no budismo, o samsara é o ciclo interminável de nascimento, morte e renascimento, no qual as almas estão presas devido aos desejos e ações passadas. A crença é que a liberação desse ciclo só é alcançada através da iluminação espiritual e do rompimento do ciclo de karma.
Esta noção fundamental na filosofia e espiritualidade hindu e budista, representando o ciclo de nascimentos, mortes e renascimentos. O Samsara é considerado um estado de ilusão e sofrimento, do qual se busca escapar através da realização espiritual e do entendimento da natureza impermanente da existência.
Na cultura ocidental, pode ser associado a traumas relacionados a fatos concretos ou não. São situações em que o ser fica preso em um atoleiro de pensamentos ruins, aflição, remorso e uma dúvida tão densa que nem é possível formular uma pergunta para ela.
O fato é que frequentemente sofremos por coisas que nem chegarão a acontecer e nisto deixamos de viver aquilo que está acontecendo no presente. É como aquelas pessoas que vão a um show de uma atração importante para elas, pagam caro no ingresso, ficam horas na fila para pegar um bom lugar na plateia e então, no ato do show, como animais ou zumbis, abrem a câmera do celular e passam a gravar, assim, ficam preocupadas com ajustar o foco, com a disponibilidade de bateria e memória, com captar um bom ângulo, desviar as mãos das pessoas que estão à frente e ainda fica revoltada com possíveis empurrões, perdem até um tempo pensando um uma boa hashtag para postar e ainda se frustram com a escassez do sinal da internet, enquanto sua música preferida que marcou tantos momentos importantes em sua vida está sendo apresentada em uma performance única que jamais se repetirá. Sem mencionar que a gravação nestes casos fica com baixa qualidade, captando a gritaria do público e muito ruído, com baixas chances de emocionar alguém ou de conferir maior grau de importância à aquele que postou.
Uma vez ouvi uma historinha que me fez refletir muito sobre estes sofrimentos e angústias, vou tentar replicar este conto oriental:
Certo dia, um discípulo profundamente perturbado pela sua existência no ciclo interminável do Samsara, percorreu longo trajeto até o alto da montanha a fim de encontrar seu mestre em busca de orientação. Com uma expressão de desespero, ele perguntou: "Mestre, como posso sair do Samsara?"
O sábio mestre olhou para o discípulo com serenidade e perguntou em resposta: "Quem te colocou lá?"
Perplexo, o discípulo refletiu sobre a pergunta por um momento e finalmente compreendeu a profunda sabedoria contida na simples resposta do mestre. Ele percebeu que tinha sido suas próprias ações, desejos e apegos que o haviam mantido preso no ciclo de nascimentos e mortes.
Compreendendo a natureza da sua própria responsabilidade na criação do Samsara, o discípulo começou a buscar a libertação através da autoconsciência, da renúncia aos desejos mundanos e da prática espiritual. A partir desse momento, ele embarcou em uma jornada de autotransformação e busca pela verdadeira liberdade além do ciclo do Samsara.
A lição que fica é a seguinte: Este seu problema, é um problema de verdade com uma solução possível? Caso tenha solução, há de se colocar esta solução em ordem e contruí-la tijolo a tijolo, com muita paciência e perseverança. Caso o problema não tenha solução, apenas aceite as circunstâncias com gentileza e coloque-as como parte da sua vida. Nós não temos controle sobre tudo, na verdade, enquanto humanos podemos controlar pouquíssimas coisas, não é verdade?.
Viver no presente, foco nos problemas reais das pessoas, desapego das banalidades e dos olhares alheios e ter gratidão por tudo, inclusive pelas derrotas educativas que nos convocam a mudar. Isto faz diferença.
