Um dos assuntos muito solicitados pelos nossos seguidores e clientes é sobre a utilização da bomba peniana e a sua função na reabilitação da função sexual, tanto no pós-operatório de cirurgias neurológicas como a prostática, quanto no tratamento da disfunção erétil. Você já ouviu falar sobre a bomba peniana a vácuo?
Quais as vantagens e desvantagens desse método? A bomba peniana a vácuo ou dispositivo de vácuo terapia, às vezes, pode ser um pouco estigmatizada por ser um dispositivo vendido em sex shops na internet de fácil acesso, porém ele tem um papel muito importante na reabilitação da função sexual masculina. Muitos fisioterapeutas utilizam no pós-operatório de cirurgias neurológicas de próstata, prostatectomia radical, por exemplo, e no tratamento de disfunção erétil. Neste artigo extraímos toda a boa explicação e competência das doutoras, Samira Posses, urologista e Flávia Brito, fisioterapeuta especialista em assoalho pélvico para explicar de forma profissional o funcionamento do acessório, abrangendo as vantagens e desvantagens e quais as indicações do uso da bomba a vácuo peniana.
Rapidamente vamos entender o funcionamento da bomba e o mecanismo de vácuo que funciona por aumento da pressão por criação de um mecanismo de sucção, levando ao aumento do fluxo sanguíneo peniano. Os pacientes podem utilizar um anel constritor siliconado na base do pênis para que essa ereção possa ser mantida, ela possa ser prolongada e até ser associada depois ao ato sexual. É importante deixar claro para os pacientes que nem a utilização da bomba e nem do anel constritor peniano pode ultrapassar um tempo de 30 minutos, sob risco de lesão das estruturas locais. Existem dois tipos de bombas penianas: as manuais e as elétricas, sendo estas últimas um pouco mais confortáveis para utilização. A Dra. Flávia explica sobre a utilização desse dispositivo.
A bomba peniana é um dos recursos recomendados por urologistas e pelos fisioterapeutas pélvicos, para os pacientes com disfunção erétil ou doença de Peyronie. Vários são os mecanismos relacionados à ereção e a manutenção da mesma. Ao nível peniano, nós podemos destacar a necessidade de um aumento do fluxo sanguíneo no pênis e uma restrição ao fluxo venoso de saída. O objetivo da bomba peniana ou terapia a vácuo é promover mecanicamente, por meio de uma pressão negativa gerada pelo vácuo, um aumento do aporte sanguíneo nessa região, o aumento do fluxo sanguíneo no pênis. Há no mercado dois tipos de bombas penianas, as manuais e as elétricas. Dentre as manuais, temos o tipo pump. Esse modelo aqui que irei apresentar hoje para vocês, tem uma pera, bem semelhante a um aferidor de pressão arterial, e alguns modelos elétricos, naturalmente mais caros. Alguns modelos inclusive contam com um temporizador, que é bem interessante para que o paciente possa controlar o tempo de uso da bomba. Independente do modelo escolhido por você, será necessário o uso de lubrificante, preferencialmente à base de água. Recomenda-se também retirar os pelos da região pubiana para possibilitar uma melhor adaptação da bomba à pele do paciente. Eu não poderia deixar de mencionar que a musculatura do assoalho pélvico tem uma relação direta com a função sexual. O assoalho pélvico relaciona-se à função miccional, evacuatória e sexual. Aprender a utilizar essa musculatura pélvica a seu favor pode incrementar ou melhorar a qualidade da sua ereção.
Como usar a bomba peniana
Vamos à prática. Pênis limpo e seco, bomba limpa e seca. Você deverá aplicar um lubrificante em todo o corpo do pênis e também no interior do cilindro. Introduza o cilindro da bomba e comece a insuflação. A bomba é de uso individual. Cada paciente deve ter a sua. Aqueles pacientes com dificuldade para manter a ereção podem utilizar o anel peniano na base do pênis, que deve ser colocado previamente à insuflação da bomba. O tempo de uso do anel peniano não deve ultrapassar 30 minutos.
Com relação ao tempo e o uso da bomba, a frequência semanal ou frequência diária, isso é específico para cada paciente no momento da sua avaliação pélvica. Com seu fisioterapeuta pélvico de confiança, será realizada uma avaliação de integridade e funcionalidade do assoalho pélvico por meio de avaliação de reflexos, força, resistência muscular. A partir dali, em conjunto com todo o seu contexto clínico, será estabelecido um protocolo específico para o seu caso, incluindo recomendação de tempo de uso da bomba durante aquela semana ou durante o tempo que vocês passarem em tratamento. O paciente, por exemplo, no pós-operatório de próstata, o paciente oncológico que se submete a uma cirurgia de retirada da próstata, normalmente cursa com disfunção erétil e incontinência urinária. Não é recomendado para esse perfil de paciente iniciar o uso da bomba antes de tratar a incontinência urinária. Primeiro prioriza-se o tratamento da incontinência para só depois iniciar o uso da bomba. Todas as bombas contam com dispositivo de segurança para liberar o vácuo, normalmente uma válvula que libera pressão, ou nas mais simples, pequeno orifício em que o usuário libera o fluxo de ar. Se for necessário, pode acontecer logo em seguida uma nova insuflação. Independente do modelo escolhido, todas elas vêm com dispositivo de segurança e caso o paciente sinta algum desconforto ou precise, naquele momento, liberar a pressão.
Quais são as principais indicações da bomba peniana?
Primeiro, a reabilitação pós-operatória da prostatectomia radical. Ela muitas vezes é associada a um quadro de disfunção erétil, e essa ereção demora mais para voltar quando comparado, por exemplo, à continência urinária. Às vezes, pacientes demoram seis, oito, até 12 meses para reabilitar sua função sexual. Eles podem lançar mão desse dispositivo até diariamente para manter uma oxigenação tecidual adequada e manter o corpo cavernoso irrigado. Segunda indicação é um dispositivo que pode ajudar no desuso peniano.
A bomba peniana pode ser um dispositivo que vai ajudar a manter a oxigenação, o pênis, como um músculo, como qualquer outro órgão, também necessita manter essa oxigenação constante para que se evite a fibrose, a tortuosidade e atrofia peniana. Terceira indicação é a utilização no pré-operatório de cirurgias de prótese peniana. Alguns urologistas optam por estimular o paciente a utilizar esse dispositivo para melhorar a receptividade do tecido local à prótese peniana. Quarta indicação é o tratamento da disfunção erétil orgânica, independente de pós-operatório ou não, podendo ser utilizado na reabilitação. A bomba peniana pode ser utilizada associada à tadalafila no tratamento da disfunção erétil. Alguns trabalhos demonstram um benefício da associação entre esses dois métodos, o uso da tadalafila como inibidor da fosfodiesterase com a bomba peniana, mostrando um benefício real na função erétil. É importante deixar claro para o paciente que é um mito associar o uso da bomba peniana ao aumento e engrossamento peniano, isso não ocorre.
E dentre as desvantagens, esse dispositivo pode ser um pouco constrangedor para o homem, que às vezes tem um pouco de receio de utilizá-lo antes de começar uma relação sexual. Além disso, como é o mecanismo de vácuo que atua como uma pressão negativa para encher o pênis de sangue, alguns pacientes observam o surgimento de petéquias ou hematomas devido ao rompimento de alguns vasos sanguíneos. Isso é um quadro benigno. Esses pequenos hematomas tendem a reabsorver sem nenhum dano definitivo ao local. Além disso, associado à utilização do anel peniano constritor, aquele que aperta na base, para manter uma ereção mais prolongada, alguns pacientes referem dor à ejaculação devido à constrição da uretra. Para aqueles que têm esse quadro, orientamos a retirar o anel antes de ejacular.
Outro fato que pode acontecer, e que é de certa forma inconveniente, é uma dormência na região perineal, levando às vezes a uma perda parcial da sensibilidade local, que também é transitória. Precisamos deixar claro para o paciente que esses dispositivos podem, sim, ser utilizados diariamente com alta frequência, porém eles não podem ultrapassar o tempo de 30 minutos, sob risco de lesões locais. Se você gostou deste artigo e acha que vai ajudar alguém que você conhece, que está passando por um pós-operatório, precisa de uma reabilitação da função sexual ou até mesmo está tratando uma disfunção erétil, encaminhe esse vídeo, deixe aqui embaixo seu comentário. Escreva se você já usou, qual é a sua experiência ou faça sua pergunta. Não se esqueça de se seguir @lollaboutiquesensual. Ative as notificações para ficar por dentro do nosso conteúdo semanal. Um abraço!
Referências bibliográficas:
- Dra. Samira Posses, Urologista, São Paulo SP
- Dra. Flávia Brito, Fisioterapeuta especialista do assoalho pélvico. Vitória ES